segunda-feira, 28 de maio de 2012

Secretária virtual facilita o dia a dia nas empresas e gera economia

Empresários criaram serviço com investimento de R$ 650 mil.
Aparelho direciona ligações para uma central de atendimento.

Do PEGN TV
O número de usuários da internet no mundo já chega a 2 bilhões. Hoje a rede mundial é a principal tecnologia de informação e comunicação. De olho no futuro, as empresas começam a apostar num mercado promissor, os serviços virtuais. Os sócios, Alexandre Borin e Leandro Ferrari desenvolveram um sistema capaz de realizar atendimentos telefônicos de várias empresas ao mesmo tempo, 24 horas por dia.
“A pequena empresa, a média empresa (corte) instala o equipamento, ela continua atendendo os seus clientes, porém sempre que ela falhar e não atender nós remotamente garantirmos o atendimento desse cliente em nome daquela empresa”, diz Borin.
O serviço funciona a partir de um software instalado no aparelho desenvolvido pela empresa. Ele é ligado à linha telefônica e à internet. Quando o telefone toca, o sistema é acionado e a ligação recebida é redirecionada para uma central de atendimento.
“Depois de instalado no aparelho telefônico atual que a pessoa já possui, ela pode depois de uns segundos, já realizar os primeiros contatos com o seu assistente virtual, como assistente remoto”, conta Leandro Ferrari.
a empresa também oferece outros serviços: agendamentos de reuniões, de consultas médicas ou simplesmente pedir um táxi. Basta retirar o telefone do gancho e discar a tecla nove para falar com um atendente.
Foram seis meses de testes para desenvolver o sistema. O investimento foi de R$ 650 mil.
A maior parte dos atendimentos acontece em São Paulo, mas as secretárias virtuais também estão em cidades do interior paulista, no Recife e em Florianópolis. O aparelho é entregue em comodato. O custo é mensal, com planos a partir de R$ 160.
Só este ano, a procura aumentou cinco vezes em relação ao mesmo período do ano passado. A expectativa é que o faturamento mensal chegue a R$ 150 mil até o fim do ano. Alexandre Borin e o sócio já pensam em expandir os negócios e vão criar uma rede de franquias nos próximos meses. Hoje, são 60 clientes espalhados pelo país.
Na imobiliária de Felipe Faria, o aparelho foi instalado há cinco meses e o gasto mensal para ter a comodidade é de R$ 400.
“Liga fora do horário, eles fazem um pré-atendimento também e nos passam o feedback de manhã; e aí nos podemos entrar em contato novamente com eles”, diz Faria.
A secretária virtual também auxilia o dia a dia do engenheiro Rogério Silva. Ele trabalha sozinho em casa e conta com o atendimento para agendar visitas aos clientes.
“Eu tinha sete funcionários e, com esse tipo, essa formatação de contratação, eu reduzi a ‘eu’. Somente eu”, conta Silva.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Home office envolve mais de 30 milhões de brasileiros e muda CLT

Por: Henrique Moraes 13/05/2012 
Fonte: O Fluminense 

Segundo último censo do IBGE, trabalho em casa continua a crescer em média 30% ao ano. Realidade já causou alterações na Consolidação das Leis do Trabalho

Flexibilidade para se organizar, tempo para o lazer, maior contato com a família, menor custo com transporte, alimentação e vestuário e redução do estresse causado pelos congestionamentos de trânsito. Essas são algumas das vantagens de uma modalidade de trabalho que está aumentando no Brasil: o home office (trabalho em casa). O último censo realizado pelo IBGE em 2010 apontou que mais de 30 milhões de brasileiros desenvolvem suas atividades profissionais em casa.
Como o avanço tecnológico trouxe mobilidade, este tipo de atividade vem crescendo cada vez mais no País e sendo adotado por muitas empresas. Situação que, inclusive, gerou alterações na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que a partir da Lei 12.551, de dezembro de 2011, teve seu artigo sexto alterado, de modo a regulamentar que o trabalho à distância, ou no domicílio do empregado, tenha as mesmas garantias legais que o realizado na empresa Alvaro Mello, presidente da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (Sobratt), afirma que o teletrabalho cresce uma média de 30% ao ano e é um fenômeno no Brasil.
“Sem dúvida, hoje, em virtude da utilização da tecnologia da informação e da comunicação, se trabalha em qualquer lugar e a qualquer hora. Isto tem modificado o modelo de gestão nas empresas e, particularmente, as relações colaborador/gestores”, explica.
O presidente da Sobratt, que é também professor da Business School São Paulo (BSP), informa que os profissionais que mais atuam no home office estão nas áreas de vendas, consultoria, engenharia e prestadores de serviços, principalmente na área de Tecnologia da Informação, executivos de grandes empresas e, mais recentemente, televendas e teleatendimento (call centers).
“Dados levantados pela Sobratt mostram que existem teletrabalhadores predominantemente nas áreas de TI, comunicações e vendas. No entanto, deve-se levar em consideração que hoje qualquer atividade administrativa levanta, analisa e manipula informações, utilizando equipamentos, tais como: smartphones, tablets e outros, sem a necessidade de ser realizada em um local e horários fixos”, analisa ainda Mello.
Gerenciamento do tempo - Uma das maiores dificuldades ligadas ao home office diz respeito ao gerenciamento do tempo. Segundo Raquel Rocha de Souza, analista de Recursos Humanos da Vertigo Tecnologia, trabalhar em casa exige alto grau de responsabilidade, disciplina, organização e comprometimento. Para ela, diversos fatores em casa podem desviar a atenção do colaborador e afetar a sua produtividade.
“Uma forma eficaz para gerir o tempo é estabelecer um local específico para desempenhar as atividades e uma rotina de trabalho com horários definidos que devem ser seguidos, de fato, como se o colaborador realmente estivesse no trabalho”, orienta.
De acordo ainda com a analista de RH, o ideal é que as condições em casa sejam semelhantes as do ambiente de trabalho da empresa. “Também vale estabelecer regras claras com os familiares para que eles não interfiram na rotina de trabalho para que a relação entre todos da casa não seja afetada”, destaca.
Funcionária de uma empresa que presta serviços em Tecnologia da Informação (TI), a administradora de sistemas Web, Marcia Rodrigues, de 53 anos, trabalha como home office há quase oito anos depois de 34 anos trabalhando fora de casa. O seu principal cliente é uma editora de revistas médicas.
“Trabalhei dentro dessa editora por sete anos como administradora de sistemas. Comecei em 1998 quando a editora iniciou um website que passei a coordenar. Como o volume de trabalho no portal cresceu, passando a editar a revista, as notícias, agenda, contatos com os internautas e newsletters, não dava mais para atender as tarefas internas de T.I e mais o site. Então, em 2004, a empresa sugeriu que eu administrasse o portal de casa”, lembra a especialista em TI.
Márcia diz que as vantagens do home office são muitas. Entre as principais ela cita ter deixado de gastar tempo no trânsito, não ter cobranças diretas e alimentar-se melhor.
“Tenho também flexibilidade na ordem das tarefas o que me ajuda com os trabalhos mais complexos que exigem criatividade e nem sempre se consegue produzir imediatamente”, relata.
Entre os pontos negativos ela destaca o isolamento e a falta de uma melhor negociação financeira. “O custo de minha produção nem sempre é considerado pela empresa. Como, por exemplo, computadores, eletricidade, serviço de internet, aplicativos e cursos de atualização”, expõe.
Já a administradora de empresas Roberta Campos Godoy, de 37, começou a trabalhar como home office há nove meses para poder dar mais atenção a sua filha de pouco mais de um ano. Além de mudar o local, ela também mudou a área de atuação: agora é agente de turismo.
“Quando decidi abrir mão da minha carreira para me dedicar à maternidade, uma amiga, dona de uma agência de turismo em Belo Horizonte, me ofereceu trabalho explorando a área de São Paulo, onde moro. Aceitei na hora, pois além de ter a oportunidade de não ser dona de casa em tempo integral teria a chance de ganhar por isso”, relata.
Entre as vantagens, Roberta destaca poder fazer a própria carga horária e ter mais tempo para a família.
“Já a desvantagem é que, por estar em casa, às vezes, misturou as tarefas domésticas com as atividades profissionais”, aponta.
Marianne Diniz, de 24, é gerente de vendas de uma multinacional de cosméticos há apenas cinco meses. Ela diz que o seu tempo não é muito difícil gerenciar porque tem que estar online sempre das 9 às 18 horas. “Sou controlada pelo sistema da empresa. O que acontece é que nunca trabalho até às 18 horas. Sempre passo uma ou duas horas por dia”, conta.
Nelson Moreira do Carmo Junior, de 41, analista de sistemas de uma empresa de tecnologia, trabalha há cinco anos como home office. Ele diz que gastava de três a quatro horas de deslocamento para o trabalho tradicional. “Foram 10 anos assim até me tornar home office”, lembra. Produtividade, concentração, alimentação, saúde e horário flexível são as vantagens em sua visão.
“O pouco contato com as pessoas seria a desvantagem”, acredita.
As empresas também ganham
A professora Janaína Ferreira, especialista em gestão de carreiras do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-RJ), afirma que são muitas as vantagens para as empresas também. Segundo ela, está comprovado que o home office, se estruturado e gerenciado de modo adequado, traz ganhos de produtividade.
“Estudos demonstram que há menos interrupções no trabalho, maior concentração e realização de algumas atividades em menor tempo com maior qualidade. Além disso, verifica-se que o funcionário torna-se mais produtivo quando pode trabalhar sem o estresse causado por alguns chefes e pela convivência com pessoas competitivas”, relata a especialista.
A professora do Ibmec diz ainda que outras vantagens comprovadas pela adoção do sistema são a redução do absenteísmo (faltas) causado por doenças, a redução no consumo de energia elétrica e a diminuição na interrupção das atividades nos casos de catástrofes e greves nos serviços públicos.
Sociedade - Os benefícios se estendem também para a sociedade e meio ambiente na visão de Janaína Ferreira.
“Gera diminuição dos congestionamentos e consequente melhoria da qualidade do ar e a redução de preço dos imóveis com a alternativa das pessoas morarem fora dos grandes centros”, esclarece.
Como há relação de interdependência entre trabalhador, empresa e meio ambiente, a especialista do Ibmec-RJ acredita que naturalmente qualquer benefício trazido pelo home office para um dos envolvidos implicará em benefício para o outro, a curto ou longo prazo.